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Prévia da inflação passa de 10% nos últimos 12 meses
20/11/2015
Impulsionada pela alta de preços dos combustíveis e dos alimentos, a prévia da inflação oficial brasileira acelerou em novembro e chegou a 10,28% no acumulado em 12 meses. É a primeira vez que a prévia da inflação registra uma taxa de dois dígitos, para um período de 12 meses, desde novembro de 2003 (12,69%), segundo dados divulgados ontem pelo IBGE.
Só no mês isoladamente, o IPCA-15 foi de 0,85% – acima de outubro deste ano (0,66%) e do mesmo mês do ano passado (0,38%). É o maior índice para o mês desde 2010 (0,86%). O índice passou a acumular assim uma alta 9,42% no ano. Faltando um mês para o fechamento de 2015, o mercado avalia que a inflação pode terminar este ano na casa dos dois dígitos.
O economista Cid Cordeiro destacou que a inflação está sendo maior para as famílias de menor renda por causa do custo da alimentação. Segundo ele, a elevação dos itens de alimentação está relacionada com a safra. "É preocupante que a inflação não tenha mostrado desaceleração com a recessão e o aumento dos juros", disse. Cordeiro lembrou que os serviços também têm puxado a inflação e devem impactar mais, já que no final do ano, geralmente, mudam os preços de tabela.
"Ao atingir uma inflação de dois dígitos nos 12 meses, aumenta a indexação da economia, isso porque as empresas acabam reajustando mais fácil os preços. Se o governo não atuar rapidamente sobre as expectativas do mercado, vai deteriorar as previsões para a inflação de 2016 que são de 6,5%, percentual que já atinge o teto da meta estabelecido pelo Banco Central", disse. Segundo ele, isso pode desencadear uma nova rodada de aumento de juros. Cordeiro prevê que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) feche o ano entre 10,10% e 10,50%.
O professor de Economia da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Carlos Magno Bittencourt, disse que os empresários têm reajustado os preços como uma espécie de proteção para a inflação. "Uma inflação de 10% nos 12 meses é preocupante e elevar os juros para contrair os preços não está dando certo", afirmou. E prevê que o IPCA feche 2015 em torno de 10,5%.
Por itens
O preço da gasolina aumentou 4,70% em novembro, reflexo do reajuste de 6% do preço do combustível promovido pela Petrobras nas refinarias, em vigor desde o fim de setembro deste ano. O álcool hidratado (também conhecido como etanol) teve alta de 12,53% em novembro.
Com o reajuste do preço dos combustíveis no mês, a prévia da inflação do grupo de transportes acelerou de 0,80% em outubro para 1,45% em novembro. O grupo também foi afetado pelos ônibus urbanos (0,76%). O transporte foi assim o grupo que mais impactou a inflação do mês de novembro. Sozinho, respondeu por 0,27 ponto percentual da alta de 0,85% da inflação no mês.
O grupo alimentação e bebidas também voltou a acelerar na prévia da inflação. Os preços do grupo subiram 1,05% no mês e foram responsáveis por 0,26 ponto percentual do IPCA-15 de novembro. O setor de alimentos é afetado por um regime adverso de chuvas e também porque está entre os que mais rapidamente repassa a valorização do dólar para seus produtos.
Os destaques de alimentos em alta no mês foram tomate (12,23%), açúcar cristal (9,61%) e açúcar refinado (7,94%), além do arroz (4,10%) e do frango inteiro (3,96%).
Outro impacto foi do grupo habitação, muito influenciado pelos reajustes de energia elétrica.
A inflação prévia do grupo foi de 0,74% em novembro, ainda que abaixo dos 1,15% do mês anterior. A inflação da energia elétrica foi de 0,95%.
