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Pendências de empresas atingem 13,5% no NE
27/09/2016
O crescimento do número de empresas inadimplentes desacelerou pelo quinto mês consecutivo, mas ainda é bastante elevado. O total de pessoas jurídicas com pendências atrasadas subiu 10,78% em agosto, na comparação com igual mês do ano anterior – percentual referente a quatro regiões pesquisadas (Centro-Oeste, Norte, Nordeste e Sul). Entre as regiões, o Nordeste foi a que apresentou a maior variação no número de empresas com o CNPJ registrado nas listas de negativados: um avanço anual de 13,52%. As informações, divulgadas, ontem, são do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
No Norte, a inadimplência de pessoas jurídicas também registrou forte avanço, crescendo 10,66% na comparação entre agosto e o mesmo mês do ano anterior. As regiões Centro-Oeste e Sul apresentaram variações menores do número de devedores, mas, ainda assim, os números são expressivos: 9,86% e 8,17%, respectivamente. A região Sudeste não foi considerada devido à Lei Estadual nº 15.659 que vigora no estado de São Paulo e dificulta a negativação de pessoas físicas e jurídicas no estado.
Considerando o total de dívidas em atraso pendentes das empresas, o destaque também fica no Nordeste: um aumento de 16,58% na comparação entre agosto de 2016 e o mesmo mês do ano anterior. Na região Norte, o crescimento do número de dívidas de pessoas jurídicas também foi alto, de 13,68% e, com variação menor, aparecem o Centro-Oeste (11,51%) e o Sul (10,74%).
Balanço
Por setores de atividade, no Nordeste, o setor que registrou maior avanço das pendências devidas por outras empresas foi o comércio, com variação de 20,86% na comparação com o igual mês do ano anterior. Os serviços vêm em seguida, ao avançarem 17,52%, enquanto as pendências com a indústria aumentaram 14,63%. A agricultura – que, em julho, apresentou a maior alta entre os segmentos –, mostrou acomodação em agosto, com alta de 1,62%, a menor alta entre os setores. O segmento de serviços concentra a maior parte das pendências da região, representando 60,65% deste. Em seguida, o comércio mostra a segunda maior participação no total de pendências (20,68%), seguido pela Indústria (15,19%).
No País, o setor de serviços – que engloba os bancos e financeiras – lidera a participação no total de dívidas em atraso das empresas em todas as regiões pesquisadas, com 13,62%, ou seja, para quem as empresas e pessoas estão devendo. Em todas as quatro regiões analisadas, o setor concentra mais da metade do total de dívidas em atraso. O segundo maior credor em todas as regiões é o setor de comércio, (10,46%), seguido pela indústria (10,41%) e pela agricultura (7,19%).
Por outro lado, a abertura do indicador de dívidas atrasadas por setor credor revela que foram as pendências devidas ao comércio aquelas que mais cresceram no período, com alta de 18,5%. Em seguida, destaca-se a alta das dívidas ligadas a indústria (15,55%), serviços (12,21%) e agricultura (0,47%).
Presidente da CNDL diz haver acomodação
Para o presidente da CNDL, empresário cearense Honório Pinheiro, a inadimplência das empresas cresceu significativamente no final de 2015 e desde o segundo trimestre de 2016 vem mostrando acomodação. “Porém, este crescimento mais discreto da inadimplência das empresas não está ligado a uma melhora na sua capacidade de pagamento”, explica. Segundo o dirigente, o principal fator influenciador é relacionado ao aumento da restrição ao crédito, principalmente via aumento das taxas de juros, critérios mais rígidos para concessão de crédito por parte dos bancos e à maior incerteza por parte dos empresários, “o que acaba levando o segmento a contrair menos dívidas, adiando novos investimentos e contendo avanços da inadimplência”, salientou.
Por sua vez, o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro, avaliou que as dificuldades ainda persistentes da conjuntura econômica vem agravando a situação financeira das empresas. “As dificuldades econômicas persistem e o cenário de desemprego elevado e de queda do faturamento das empresas continua afetando a capacidade de pagamento tanto das empresas quanto da população”, observou o dirigente.
